A história do Natal de Jesus é uma história dramática. De vida e de morte. De medo e de coragem. De humildade e grandeza. A história das maravilhas que Deus faz quando vencemos os medos humanos e entregamos a nossa vida à força de Deus. Também os pequenos, os pobres do Senhor, como Maria, José e os pastores, podem ganhar essa força, que não vem do poder das armas, ou de qualquer outro poder humano, mas somente de Deus. É a única força que pode vencer a morte: a força do amor.
Jesus, o Filho de Deus, feito homem, também precisou de muita força. Ao nascer, diz a carta aos Filipenses, "Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano (Fl 2, 6-7). É impossível para nós compreendermos esta passagem, porque nós só conhecemos o lado humano. Não sabemos o que significa ser Deus! A única comparação que a carta aos Filipenses faz é a de passar de livre para a condição de "escravo", provavelmente a pior condição humana imaginável naquele tempo. Antes de morrer, na agonia do Jardim das Oliveiras, Jesus também precisou de um anjo para dar-lhe força (cfr. Lc 22,43). Ele aceitou ser humano até a morte, destino de cada ser que nasce neste mundo.
Com certeza não será por essas minhas considerações que o Natal perderá o seu lado de ternura e carinho, de calor humano e de solidariedade. Ao contrário, vai ganhar em dignidade. Não um Natal adocicado das musicas comerciais, com Papai Noel distribuindo bombons às crianças, mas a festa da decisão "inaudita" - isto é, nunca ouvida antes! - de Deus de nos amar tanto até se tornar um de nós, no nascer e no morrer. Tudo para que pudéssemos conhecê-lo e amá-lo como resposta livre e sincera a quem nos amou por primeiro.
Ser cristãos exige, cada vez mais, força e coragem. Infelizmente ainda duvidamos se tem mais coragem quem assalta e rouba, também dos cofres públicos, ou quem é honesto e administra corretamente as coisas dos outros. Vale a pena nos perguntarmos: tem mais coragem uma mulher que pratica o aborto ou aquela que enfrenta zombarias e renúncias para criar o seu filho? Precisa de mais força o jovem que se entrega à bebida e às drogas, ou aquele que resiste e não cai na armadilha das emoções? Quem é mais corajoso: o marido fiel à esposa da sua juventude, ou aquele que lamenta a sua infelicidade nos braços de uma amante, mais ou menos, ocasional? É mais corajoso quem não tem vergonha de sua fé e a manifesta publicamente, ou aquele que já desistiu de dar um sentido mais profundo à sua vida? Natal significa muita força e muita coragem. Foi o que Jesus fez nascendo criança como nós. Sem nada, somente com a força do amor. Seja esta também a nossa única força.
Feliz Natal para todos!
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá - AP
Fonte: www.cleofas.com.br
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