Data da comemoração: 04 de Outubro
Nascimento: 5 de julho de 1182, Assis, Itália
Falecimento: 3 de outubro de 1226, Assis, Itália
Nacionalidade: Italiano
Sepultamento: 25 de maio de 1230, Basílica de São Francisco de Assis, Assis, Itália
Filiação: Pica e Pietro di Bernardone
Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis, foi um frade católico da Itália. Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. Sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação da filosofia da Renascença.
Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus, mas a despeito do enorme prestígio de que ele desfruta até os dias de hoje nos círculos cristãos, que fez sua vida e mensagem serem envoltas em copioso folclore e darem origem a inumeráveis representações na arte, a pesquisa acadêmica moderna sugere que ainda há muito por elucidar quanto aos aspectos políticos de sua atuação, e que devem ser mais exploradas as conexões desses aspectos com o seu misticismo pessoal. Sua vida é reconstituída a partir de biografias escritas pouco após sua morte mas, segundo alguns estudiosos, essas fontes primitivas ainda estão à espera de edições críticas mais profundas e completas, pois apresentam contradições factuais e tendem a fazer uma apologia de seu caráter e obras; assim, deveriam ser analisadas sob uma óptica mais científica e mais isenta de apreciações emocionais do que tem ocorrido até agora, a fim de que sua verdadeira estatura como figura histórica e social, e não apenas religiosa, se esclareça. De qualquer forma, sua posição como um dos grandes santos da Cristandade se firmou enquanto ele ainda era vivo, e permanece inabalada. Foi canonizado pela Igreja Católica menos de dois anos após falecer, em 1228, e por seu apreço à natureza é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente.
Era filho do comerciante italiano Pietro di Bernadone dei Moriconi e sua esposa Pica Bourlemont, cuja família tinha raízes francesas. Os pais de Francisco faziam parte da burguesia da cidade de Assis, e graças a negócios bem sucedidos na Provença, França, conquistaram riqueza e bem estar. Na ausência do pai, em viagem à França, sua mãe o batizou com o nome de Giovanni (João, em português, a partir do profeta São João Batista) na igreja construída em homenagem ao padroeiro da cidade, o mártir Rufino. A origem de seu nome Francesco (Francisco) é incerta. Para uns, depois de uma viagem à França, onde o menino teria ficado cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria começado a chamá-lo de "francesco", que significa "francês" em italiano. Para outros seu pai teria feito, em vez, uma homenagem ao país natal de sua esposa, embora não haja provas de sua naturalidade francesa. Também foi sugerido que o nome foi dado por seu gosto pela língua francesa, que perdurou por toda a vida de Francisco e era em sua época a linguagem por excelência da literatura cavaleiresca e da expressão amorosa.4 5 O menino cresceu e se tornou um jovem popular entre seus amigos, por sua indisciplina e extravagâncias, por sua paixão pelas aventuras, pelas roupas da moda e pela bebida, e por sua liberalidade com o dinheiro, mas mostrava uma índole bondosa. Era nessa época fascinado pelas histórias de cavalaria, e desejava ganhar fama como um herói. Assim, em 1202 alistou-se como soldado na guerra que Assis desenvolvia contra Peruggia, mas foi capturado e permaneceu preso, à espera de um resgate, por cerca de um ano. Ao ser libertado caiu doente, com episódios de febre que duraram quase todo o ano de 1204. Ali se apresentaram as duas afecções que o acompanharam por toda a sua vida: problemas de visão e no aparelho digestivo.
Depois de recuperado tentou novamente a carreira das armas, engajou-se em 1205 no exército papal que lutava contra Frederico II, incentivado por um sonho que tivera. Nele apareceu-lhe alguém chamando-o pelo nome e levando-o a um rico palácio, onde vivia uma linda donzela, e que estava cheio de armas resplandecentes e outros apetrechos de guerra. Indagando de quem eram essas armas esplêndidas e o palácio magnífico, foi-lhe respondido que tudo aquilo era seu e de seus soldados. Animado com a perspectiva de glória, pôs-se a caminho, mas no trajeto teve outro sonho, ou uma visão, onde ouviu, segundo a versão da Legenda trium sociorum, uma voz a dizer: Quem te pode ser de mais proveito? O senhor ou o servo? Como Francisco respondesse: O senhor, ouviu novamente a voz: Então por que deixas o senhor pelo servo e o príncipe pelo vassalo?. Confundido, Francisco disse: Que queres que eu faça?, e a voz replicou: Volta para tua terra, e te será dito o que haverás de fazer. Pois deves entender de outro modo a visão que tiveste.
O crucifixo de São Damião. Mestre anônimo do século XII, hoje na Basílica de Santa Clara, Assis.
Giotto di Bondone: Renúncia aos bens mundanos, 1297-1299. Basílica de São Francisco de Assis, Assis.
Poucos dias depois, já em Assis, durante uma algazarra com seus amigos, teria sido tocado pela presença divina, e desde então, segundo a Legenda, começou a perder o interesse por seus antigos hábitos de vida e mostrar preocupação pelos necessitados. Eleito "rei da juventude" em um festejo folclórico tradicional, em vez de preparar-se para a entrada em uma vida de casado, como seria o costume, retirou-se, conforme relatou seu primeiro biógrafo Tomás de Celano, para uma caverna a fim de meditar, acompanhado de apenas um amigo fiel, para quem revelou suas preocupações e seu desejo de obter o tesouro da sabedoria e de desposar a vida religiosa. Mas ainda era um período de hesitação. Quando tinha arroubos de devoção e os expressava publicamente, era ridicularizado; tinha pesadelos com uma horrível mulher corcunda, e imaginava que esta era a imagem de sua futura vida de pobreza.
Certo dia saiu em um passeio pelos campos nos arredores, e ao penetrar em uma clareira ouviu o som do sino que os leprosos, proscritos pela sociedade, deviam usar para indicar a sua aproximação, e logo se viu frente a frente com o homem doente. Fazia frio e o leproso tinha apenas trapos sobre o corpo. Francisco sempre sentira repulsa dos leprosos, mas nesse momento desceu de seu cavalo e cobriu o homem com seu próprio manto. Espantado consigo mesmo, olhou nos olhos do outro, e viu sua gratidão, e enquanto ele mesmo chorava, beijou aquele rosto deformado pela moléstia. Este parece ter sido o ponto de virada em sua vida, mas sua vocação não se declarou toda subitamente, e a cronologia desses e outros episódios preparatórios para sua conversão não é clara nas fontes antigas. Também parece ter tentado seguir o ofício de seu pai, mas sem conseguir devotar-se a ele. Ao contrário, estava cada vez mais interessado em ajudar os pobres.
Mas certa feita entrou para orar na igreja de São Damião, fora das portas da cidade, e ali, diz a tradição, ele ouviu pela primeira vez a voz de Cristo, que lhe falou de um crucifixo. A voz chamou a sua atenção para o estado de ruína de sua Igreja, e instou para que Francisco a reconstruísse. Imediatamente voltou para sua casa, recolheu diversos tecidos caros da loja de seu pai e os vendeu a baixo preço no mercado da cidade, e voltou para a igreja onde tivera sua revelação doando o dinheiro para o padre, a fim de que ele restaurasse o prédio decadente. Ao saber disso o pai se enfureceu e mandou que o buscassem. Atemorizado, Francisco se escondeu em um celeiro, onde seu amigo lhe levava um pouco de comida. Passado algum tempo, decidiu revelar-se, e diante do povo de Assis se acusou de preguiçoso e desocupado. A multidão o tomou por louco e divertiu-se apedrejando-o. O pai ouviu o tumulto e o recolheu para sua casa, mas o acorrentou no porão. Alguns dias depois sua mãe, por compaixão, livrou-o das correntes, e Francisco foi buscar refúgio junto ao bispo. O pai seguiu-o e o acusou de dissipador de sua fortuna, reclamando uma compensação pelo que ele havia tirado sem licença de sua loja. Então, para a surpresa de todos, Francisco despiu todas as suas belas roupas e as colocou aos pés do pai, renunciou à sua herança, pediu a bênção do bispo e partiu, completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza junto do povo, da qual jamais retornou.4 5 O bispo viu nesse gesto um sinal divino e se tornou seu protetor pelo resto da vida.
1181 - (fins ou princípios de 1182) - Francisco nasce em Assis. Foi batizado com o nome de João. Seu pai, ao regressar de uma viagem de negócios do sul da França, muda-lhe o nome para Francisco.
1198 - (primavera) - Os habitantes de Assis assediam a rocca. a fortaleza símbolo do poder imperial e destroem-na. O Imperador era Henrique VI, da Alemanha.
1199 - 1200 - Guerra civil em Assis. entre a nascente burguesia e a nobreza, Esta, incluindo a família de Clara, refugia-se em Perusa.
1202 - (novembro) - Guerra entre Assis e Perusa. Na batalha de Collestrada, Francisco cai prisioneiro e é conduzido para 0 cativeiro em Perusa.
1203 - Francisco, doente, é solto e regressa a Assis.
1204 - Prolongada doença e convalescença de Francisco.
1205 - (primavera) - Francisco decide corresponder ao apêlo do Papa e se alista nos exércitos do conde Gentil della Pagliara. Arma-se magnificamente e parte. Em Espoleto, através de uma visão, recebe “ordens" para regressar a Assis.
(verão) - Começa a se tornar mais sensível à ação da graça. Beija o leproso. Entretanto, o “Rei da Juventude de Assis” participa de uma última festa com seus amigos.
(fins) Em São Damião, Francisco ouve o Crucificado dizer-lhe: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que cai em ruínas". Ficou tão cheio de contentamento e tão iluminado por aquela alocução que sentiu em sua alma ter sido realmente o Cristo crucificado quem lhe falou. Vai a Foligno vender alguns tecidos e, na volta, oferece o dinheiro ao capelão da igreja de São Damião para a reconstrução do templo. O capelão recusa-o. Francisco entra em conflito com o pai.
1206 - (primavera) - Perante o Bispo Francisco despoja-se da sua roupa, renuncia aos bens do pai e parte para Gúbio.
(verão) - Francisco volta a Assis, veste-se com o hábito dos eremitas e começa a reparar a igreja de São Damião.
(verão) até 1208 (fevereiro) - Francisco repara sucessivamente as igrejas de São Damião, São Pedrodella Spína e a Porciúncula.
1208 - (24 de fevereiro) - Francisco ouve o Evangelho da festa de São Matias e. descobre, então, sua vocação para a pobreza evangélica: modifica a sua veste, ficando apenas com uma túnica, cingida por uma corda. E começa a pregar.
(16 de abril) - Benardo de Quintavalle e Pedro Catani juntam-se a Francisco.
(23 de abril) - Egídio de Assis junta-se ao pequeno grupo (primavera) - Primeira missão dos quatro. Vão dois a dois. Francisco e Egídio percorrem as Marcas de Ancona.
(verão) - Três novos companheiros, um dos quais é Filipe.
(fins) - Segunda missão. Os sete vão a Poggio-Bustone e percorrem. o Vale de Rieti. Novo companheiro. Terceira missão.
1209 - (princípios) - Regresso dos oito à Porciúncula Quatro novos companheiros.
(primavera) - Francisco escreve uma pequena Regra e parte para Roma com os seus onze companheiros. O Papa Inocêncio III aprova oralmente a sua forma de vida. No regresso, demoram-se algum tempo na cidade de Orte, indo, depois, para Rivotorto onde se acomodam numa cabana abandonada.
(setembro) - O Imperador Otão IV, atravessando o Vale de Espoleto passa nas proximidades de Rívotorto. Francisco e os companheiros não vão assistir à passagem do cortejo.
1209 a 1210 - Moravam nesse lugar quando, um dia, ouviram um lavrador dizer ao seu burro “Entra, que vamos melhorar esse lugar" Ao ouvir isso os irmãos mudam-se para Porciúncula.
1211 - (verão) - Francisco projeta uma missão para a Síria. Os seus projetos missionários no Oriente fracassam.
1212 - (18-19 de março) - Na noite de Domingo de Ramos, na Porciúncula, Francisco recebe Clara e dá-1he o hábito da penitência e da pobreza. Clara tem dezoito anos. É doze anos mais nova que Francisco. É a “primeira pedra” da Ordem das Senhoras Pobres. futuras Clarissas. Algumas semanas mais tarde. Clara e as suas primeiras companheiras instalam-se em São Damião, depois de terem estado no Mosteiro de São Paulo, das Beneditinas, a três quilômetros da Porciúncula, hoje São Paulo de Bastia, no caminho de Perusa.
1213 - (8 de maio) - O Conde Orlando de Chiusi dá o monte Alverne a Francisco, para que nele faça um eremitério.
1215 - (novembro) - Em Roma, Francisco assiste ao 4° Concílio de Latrão. É provável que tenha se encontrado com Domingos de Gusmão, futuro São Domingos.
1216 - (16 de julho) - O Papa Inocêncio III morre em Perusa. Dois dias mais tarde é eleito, para lhe suceder Honório III. Francisco encontra, provavelmente, o Arcebispo francês Jacques de Vitry.
(no verão) - Em Perusa, Francisco alcança do Papa Honório III uma Indulgência especialíssima para o dia do aniversário da consagração da Porciúncula.
1217 - (5 de maio) - Capítulo Geral na Porciúncula. Primeiras missões para além dos Alpes e no além-mar. Francisco pretende ir à França, mas o Cardeal Hugolino retém-no em Florença e persuade-o a ficar na Itália.
12I9 - (fim de junho) - Francisco embarca em Ancona para São João de Acre e Damieta, no Oriente próximo.
(outono) - Francisco encontra-se com o sultão do Egito. Depois se dirige em peregrinação aos lugares santos.
1220 - (primavera e verão) - Alertado para as dificuldades pelas quais passa a Ordem em sua ausência, Francisco regressa à Itália com Pedro Catani, Elias e Cesário de Espira. Designa Pedro Gatáni como Vigário Geral. A pedido de Francisco, Papa designa Cardeal Hugolino para ser protetor da Ordem.
1221 - (10 de março) - Morte de Pedro Catani. Frei Elias é designado como sucessor.
(30 de maio) Capítulo Geral. Aprovação da Regra, hoje conhecida como Regra Não Bulada.
1223 - Em Fonte Colombo, no princípio do ano, Francisco escreve a segunda Regra que seria discutida no Capítulo Geral de junho e, depois, confirmada em 29 de novembro desse mesmo ano pelo Papa Honório III, hoje conhecida, como Regra Bulada.
(24-25 de dezembro) - Noite de Natal em Gréccio, presépio
1224 - (15 de agosto a 29 de setembro) - Francisco retira-se para o monte Alverne, preparando-se, por meio de uma Quaresma, para a festa de São Miguel. Em 14 ou 15 de setembro recebe os estigmas no seu corpo.
(outubro ou princípio de novembro) - Francisco regressa à Porciúncula, passando por Borgo San Sepolcro, Monte Casale e Gittá di Castello
(dezembro a fevereiro) - Montado num jumento Francisco empreende uma viagem de pregação pela Úmbria e pelas Marcas.
1225 - (março a maio) - A doença dos seu olhos piora. Quase cego, recolhe-se em São Damião e, por empenho de Frei Elias, aceita submeter-se a um tratamento, mas sem resultado. Em meio a grandes sofrimentos ele recebe de Deus a certeza da sua salvação eterna e compõe o Cântico das Criaturas, ou do Irmão Sol. Recebe uma carta do Cardeal Hugolino e deixa São Damião, dirigindo-se para o Vale de Rieti.
(princípio de julho) - Acolhido em Rieti pelo Cardeal Hugolino e pela corte papal, ele se dirige para Fonte Colombo para se submeter a um tratamento ordenado pelo Cardeal. Devido à ausência de Frei Elias, o tratamento é retardado.
(julho-agosto) - Em Fonte Colombo o médico cauteriza as têmporas de Francisco, sem obter qualquer resultado. (setembro) - Francisco se dirige a São Fabiano, perto de Rieti, onde um outro médico tenta tratá-lo por meio de sangria das orelhas. A vinha do pároco de São Fabiano, destroçada pelos devotos de Francisco produz, devido à oração deste, uma colheita maior do que a de costume.
1226 - (abril) - Ida a Sena para um novo tratamento.
(maio ou junho) - Chegada ao eremitério de Celle di Cortona, onde redige o chamado Testamento de Sena. Depois regressa à Porciúncula.
(julho-agosto) - Na época mais quente do verão, Francisco demora-se em Bagnara, na montanha perto de Nocera.
(agosto-setembro) - Piorando o seu estado, regressa a Assis, passando por Nottiano. Fica algum tempo hospedado no palácio do Bispo de Assis. Pressentindo seu fim próximo, insiste em ser levado para a Porciúncula.
(sábado, 3 de 0utubro) - Logo após o pôr do sol, Francisco morre na Porciúncula. No dia seguinte é sepultado na igreja de São Jorge, dentro das muralhas da cidade de Assis. O cortejo fúnebre passa por São Damião e aí se detém por alguns momentos.
1227 - (19 de março) - Seu amigo, Cardeal Hugolino, é eleito Papa, tomando o nome de Gregório IX.
1228 - (16 de julho) - Em Assis, Francisco é canonizado pelo Papa Gregório IX.
1230 - Frei Elias manda exumar o corpo de Francisco e translada-o para a cripta da Basílica construída em honra do Pobrezinho de Assis.