Em tempos onde muito se fala sobre a monarquia devido ao já considerado “casamento do século” (abre parêntese - será que há ciência geral de que o século está apenas começando? - fecha parêntese) do príncipe Williams - da Inglaterra, e sua noiva Kate Middleton, é quase impossível não saber absolutamente nada sobre o assunto.
Às portas também está o mês de maio, dedicado às noivas. Quem já se casou ou está prestes a se casar sabe que a definição do horário e local da cerimônia, a escolha das flores e do vestido, e a lista de convidados, são alguns detalhes que dentre tantos e tantos outros devem receber especial atenção, uma vez que abrilhantarão o momento mais importante da ocasião: a hora em que ambos, noivo e noiva, se receberão mútua e voluntariamente por meio do esperado “SIM” e farão as promessas, selando assim o Sacramento. Para cidadãos comuns, casamento “real” pode até ser aquele considerado como “verdadeiro”, mas certamente, no contexto monárquico “real” abrange também muitos outros sentidos como sucessão, imponência, luxo, glamour e etc.
Todo movimento em torno do casamento do príncipe acontece no tempo em que a Igreja ainda celebra a Páscoa do Senhor. Por que não, então, aproveitar a oportunidade para estabelecer um paralelo entre as festividades? Casamentos comuns têm a duração de poucas horas entre a cerimônia e a festa; já casamentos reais costumam durar o dia inteiro. Nesse sentido, ao contrário do que muitos podem pensar, a Páscoa não se restringe apenas ao domingo em que ovos de chocolates são presenteados e saborosamente degustados, mas estende-se até a festa de Pentecostes, que ocorre cinquenta dias após a Ressurreição de Jesus.
Aprofundando um pouco mais no sentido cristão da Páscoa observa-se que Cristo venceu a morte e permaneceu com os discípulos por quarenta dias antes de subir de volta ao Pai (a quantidade de dias equipara-se com a duração do período quaresmal de recolhimento e abstinência - seria uma espécie de compensação pelo tempo de jejum?). E, em Sua ascenção, Jesus prometeu o derramamento do Espírito Santo (At 1,8) cumprindo assim a promessa de estar com a humanidade por todos os dias (Mt 28,20). Mesmo sabendo que Jesus, como rei “Subiu por entre aclamações, ao som das trombetas” (Sl 46,6), o coração humano se exulta: “Cantai à glória de Deus, cantai: cantai à glória de nosso rei, cantai” (Sl 46,7).
Voltando ao casamento real, se cabe à monarquia britânica celebrar de maneira espetacular as ocasiões próprias de seu reinado e disponibilizá-las em tempo real (no sentido de velocidade) para todo o mundo, muito mais cabe a Deus receber de seus súditos o louvor que lhe é devido também em tempo real, “Porque Deus é o rei do universo, entoai-lhe, pois, um hino! Deus reina sobre as nações, Deus está em seu trono sagrado. Reuniram-se os príncipes dos povos, ao povo do Deus de Abraão, pois a Deus pertencem os grandes da terra, a ele, o soberanamente grande” (Sl 46,8-10).
O casamento real, para acontecer, precisa de cifrões em quantias incontáveis e, para vislumbrá-lo de perto, é preciso fazer parte de uma seleta lista de convidados. Para vislumbrar a realeza divina, no entanto, basta aproximar-se e permitir que o olhar alcance o esplendor e a glória de Deus. Dessa maneira é possível perceber que nem mesmo todo o esplendor divino é capaz de distanciar o Rei e seu povo, pois Deus não possui súditos, mas filhos. Sim, “o terrível, o grande rei do universo” (Sl 46,3b) dispensa um tratamento diferente aos seus seguidores, não tratando-os como súditos, mas como filhos amados: “escolheu uma terra para nossa herança, a glória de Jacó, seu amado” (Sl 46,5).
Que o casamento real, tão bem preparado e organizado, seja para todos um lembrete da realeza divina: de que ela existe; de que deve ser amada, respeitada, observada e guardada. E que, embora possa não parecer tão concreta visualmente como a monarquia inglesa - tão em evidência nos últimos dias, atua soberanamente sobre o universo estendendo seu amor e poder sobre toda a humanidade.
Renata Maria B. Torres
Equipe do Site
Fornecido por CComment