As sementes plantadas em Itapoã.
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Um breve passeio pelas ruas do bairro ou da cidade pode proporcionar uma bela lição sobre o Reino de Deus. Vai ver era por isso que Jesus utilizava-se de parábolas para ensinar ao povo e aos seus discípulos: ao falar-lhes daquilo que lhes era próximo, podiam compreender mais facilmente a sua pregação. As Palavras de Jesus, embora simples, tocavam no mais íntimo das pessoas que o ouviam porque eram repletas de vida; primeiro, porque continham o próprio Senhor: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus”, “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 1; Jo 1, 14); e, segundo, porque tratavam das coisas que eram próprias de suas realidades: o rebanho, o arado, as redes de pesca, o semeador e tantas outras. Embora hajam muitas diferenças entre a nossa realidade e a realidade do povo judeu - que viveu na época de Jesus, também nós podemos permitir que as parábolas por Ele contadas nos façam refletir e compreender o sentido e o conteúdo maior, presente em toda a sua oratória: tornar conhecido o Reino de Deus. O esforço que Jesus despendia para tocar os corações por meio das parábolas reflete a garantia dada por Ele mesmo de que “O Reino de Deus está próximo” (Mc 1, 15). Aqui, podemos entender ‘próximo’ não no sentido de tempo que um dia vai chegar, mas de ‘estar perto’ de quem o procura. E como é bom pensar que o Reino de Deus é assim, simples como as coisas cotidianas. Nesse contexto, ao associar as parábolas daquele tempo com os dias atuais, somos levados a contemplar o ambiente à nossa volta dando a este um novo olhar: um olhar atento que busque encontrar o Reino de Deus na simplicidade da vida. Sendo uma cidade litorânea, a agricultura não faz parte diretamente da nossa realidade. Contudo, se com um pouco de sensibilidade observarmos os canteiros e jardins nas casas, varandas e quintais poderemos constatar: “Como são belos!” ou, em alguns casos “Mereciam melhores cuidados...”. Não poderíamos estar falando de gente ao invés de jardins? Não é, contudo, apenas a beleza visual das paisagens que pode nos beneficiar, mas também, e principalmente, a reflexão que podemos fazer por meio dela. Certa vez, Jesus disse “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4, 26-27). É assim o Reino de Deus, segundo o próprio Jesus: embora não se saiba como floresce, é preciso de alguém que o espalhe, feito sementes, ou de alguém que o semeie, feito grãos de mostarda (Mc 4, 31). Sem dúvida o foco está na semente, e aí podemos refletir sobre o tipo de sementes que temos espalhado por aí. Nas sementes que plantamos pode estar a resposta de tudo o que temos vivido, sejam nas nossas casas, igrejas, condomínios, trabalhos... Não é assim que acontece com as plantas? O fruto que colhemos depende daquilo que decidimos plantar. O grão de mostarda proporciona ramos grandes que servem de ninho e abrigo aos pássaros e, aos homens proporciona sombra e proteção. E nós, o que temos proporcionado aos que estão à nossa volta? Quais têm sido os nossos frutos aparentes? Na nossa profissão, no cuidado com a casa, no serviço na igreja ou em qualquer outra atividade, o que temos proporcionado aos outros? Devemos destacar a insignificância da semente frente à abundância da colheita. O Reino de Deus baseia seu poder no que é pequeno, no amor, na bondade, na solidariedade, na misericórdia. Dois sentimentos ruins podem, contudo, nos incomodar: o desânimo - quando plantamos, fazemos a nossa parte e não enxergamos resultados, ou seja, quando as plantas parecem não desabrochar; e a soberba - quando achamos que um resultado positivo é mérito nosso e nos esquecemos que somos parte de um todo, afinal, “eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem faz crescer.” (I Cor 3, 6). Mais do que tornar florida a nossa cidade, precisamos florir os nossos relacionamentos, cuidando dos mesmos, gastando tempo com eles, cuidando para que as intempéries não os machuquem. Assim “como um grão de mostarda... que cresce e se torna maior do que todas as hortaliças” (Mc 4,32) poderemos contemplar extasiados os belos jardins cultivados ao longo de nossas vidas vidas. Renata Maria Bourguignon Torres Equipe do Site
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