Fé e Missão
Dias agitados: eleições ainda em foco. Tantos discursos proferidos e promessas feitas, sem que, contudo, tenham conseguido sanar as dúvidas ou gerar confiança frente aos anseios dos que, por vezes, observavam, confusos, o complexo cenário político brasileiro.
Como João Batista no deserto, a Igreja clamou, posicionando-se a favor da vida e dos valores evangélicos. Bonito ver a postura coerente de bispos e sacerdotes que, por todo o Brasil, tiveram a coragem e ousadia de se manifestar, de dar voz à verdade, de fazer ecoar os princípios e fundamentos cristãos.
Essa coragem é evangélica, é espiritual, é divina. Fazer algo simplesmente porque se sabe que é o certo a ser feito nem sempre é tarefa fácil. Só os movidos pela graça de Deus e impulsionados pelo Espírito Santo costumam fazê-lo sem dar razão ao medo, que comumente limita as ações e impede o avanço da propagação do bem.
Sabe-se que a vida não é um “conto de fadas”; na verdade, pode-se considerá-la um “conto de espadas” cujo tema central, contudo, não envolve a tragédia, mas salvação, libertação, renovação. Para o cristão é assim: as lutas diárias são garantias de vitórias, afinal, “Aquele que teme o Senhor não tremerá; de nada terá medo, pois o próprio Senhor é a sua esperança” (Eclo 34, 16).
As batalhas do dia a dia exigem um esforço redobrado para evitar quedas, machucaduras ou rendições. Mas, cristão nenhum deveria se esquecer de que “Os olhos do Senhor estão voltados para aqueles que o temem; ele é um poderoso protetor, um sólido apoio, um abrigo contra o calor, uma tela contra o ardor do meio dia, um sustentáculo contra os choques, um amparo contra a queda. Ele eleva a alma, ilumina os olhos; dá saúde, vida e bênção.” (Eclo 34, 19-20).
As promessas de Deus não são, porventura, suficientes para devolver a fé, redobrar o vigor, restituir o ânimo, restaurar a confiança, curar os corações? É preciso estar convicto da própria missão e ser fiel a ela, custe o que custar. João Batista na época de Jesus, os bispos e padres nesta época, foram fiéis às suas batalhas por mais difíceis que tenham sido ou que ainda sejam.
A muitos, a coragem requerida é a de viver em seus ambientes familiares com serenidade em meio às tormentas; a outros, a coragem necessária é a de enfrentar a rotina de trabalho de maneira condizente com o comportamento cristão; a outros, é preciso coragem para harmonizar os relacionamentos interpessoais. Situações e conflitos tão variados quanto complexos. Quantos casos... E, cada caso é um caso. O fato é que, por mais adversas, numerosas ou impossíveis, todas as batalhas estão subjugadas ao poder de Deus, que abençoa os que olham para Ele (Eclo 34, 14).
São Paulo fala de si: “Combati o bom combati, terminei a minha carreira, guardei a fé (2 Tim 4, 7); e exorta que se faça o mesmo que ele: “Combate o bom combate da fé” (1 Tim 6, 12). Deixar de lutar por medo de fracassar é algo impensável para aqueles cujos corações estão voltados para o Senhor. É preciso lutar, mesmo que as batalhas pareçam perdidas; é preciso permanecer no combate da fé e da oração, mesmo que o cansaço insista em se alojar; é preciso confiar em Deus, mesmo na tristeza, na desolação ou na solidão, e clamar como o salmista: “Meus olhos se consomem de aflição. Todos os dias eu clamo para vós, Senhor; estendo para vós as minhas mãos.” (Sl 87,10).
Quem pede, confia que vai receber. Se não confiasse nem pediria. A confiança em Deus é o que assegura o êxito da missão.
Renata M. B. Torres
Equipe do Site
Fornecido por CComment