O que adoramos?
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No sentido literal da palavra, ou seja, no que ela representa de fato, adorar é render culto; é amar de forma extrema (Dicionário Aurélio). Contudo, nós fomos nos acostumando a empregar a palavra “adorar” em situações cotidianas e corriqueiras que muitas vezes, não condizem – ou pelo menos não deveriam - com o verdadeiro significado da palavra. Nós “adoramos” tantas coisas! Shopping, praia, filmes, namorar, viajar, dormir, roupa nova, cachorro, sorvete, amigos, festa, jogos, esportes... A lista é interminável. Cada um tem sua própria escala de preferências num cardápio repleto de opções para todos os gostos. Por exemplo, tem gente que “adora” jiló! Por estranho que pareça, tem gosto para tudo! Quando foi tentado no deserto, Jesus apoiou-se no livro do Deuteronômio e encontrou forças para derrotar o inimigo. Em uma das investidas malignas foi-Lhe oferecido poder e glória, desde que se prostasse diante do demônio, ao que Jesus respondeu: “Adorarás o Senhor teu Deus, e a ele só servirás.” (Lc 4, 8). O próprio Jesus nos ensina a não nos prostrarmos diante de nada que não seja o Senhor. Nenhum poder, nenhum desejo ou até mesmo nenhum problema merece nosso culto, atenção e amor extremo. Na última ceia, Jesus tomou o pão, abençoou-o, partiu e deu aos seus discípulos e disse: “Isto é o meu corpo” (Mt 26, 26). Depois, Ele pegou o cálice, agradeceu ao Pai e da mesma forma distribuiu aos discípulos e disse: “...isto é o meu sangue” (Mt 26, 27). Palavras de Jesus. Se dermos continuidade à leitura do versículo seguinte (v. 28) encontraremos o grande motivo do sacrifício de Jesus: a remissão dos pecados. Certamente, tais palavras evocam o fundamento da Eucaristia e o valor da Santa Missa. A Eucaristia é o centro e coração de toda a Igreja (Catecismo da Igreja Católica). Ao proferir “Isto é...”, Jesus não fez uma simples comparação, mas, por meio da transubstanciação, permitiu que todos fôssemos alcançados pelo seu gesto de amor e doação: “Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue” (Mt 26, 28). A maior desgraça para o cristão é ter dúvida quanto a presença de Jesus Sacramentado. Quando se deixa de acreditar, deixa-se de procurá-Lo, e então, é apenas uma questão de tempo para abandonar a Igreja, a fé, o caminho percorrido. A Eucaristia é a alma da Igreja Católica, porque a Eucaristia é o próprio Senhor Jesus, presente e vivo no meio de nós. Não faz sentido, então, deixarmos tantas vezes de adorá-Lo. Lembremo-nos do convite de Jesus: “Adorarás o Senhor teu Deus”. O nosso Deus porventura não encontra-se bem ali na capela da nossa igreja? Não trata-se de ficar o dia inteiro em adoração, mas de ter tempo para o Senhor. Temos tempo para novela, para trabalhar, para fazer compras, para passear... E, frequentemente, temos dificuldade de encontrar tempo para adorar – agora sim, no sentido literal - Aquele que de fato merece a nossa adoração. O que ocorre é que muitas vezes estamos frios e não vamos procurar por Jesus porque não sentimos nada de diferente quando estamos diante d’Ele. A Igreja nos sugere então, o “Ato de fé”: eu posso até não sentir que Jesus está ali naquele pedaço de pão, mas eu creio mesmo assim. E por isso eu vou até Jesus. Mesmo frios, adoremos o Senhor! Não percamos a oportunidade de deixarmo-nos alcançar por Ele. São Boaventura nos ensina: “Ainda que friamente aproxime-se confiando na misericórdia de Deus.” Aproximar-se e contemplar, e isso basta! Simplesmente olhar já é o suficiente. Não precisamos inventar tantas coisas ou orações. O que Ele quer é a nossa presença diante d’Ele. Renata Maria Bourguignon Torres Equipe do Site
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