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A Virgem Maria

A Virgem Maria

Maria Santíssima foi virgem, concebendo Jesus por ação do Espírito Santo, sem ter relações sexuais com José, seu esposo. A afirmação da virgindade de Nossa Senhora pertence à fé cristã.

A virgindade de Maria constitui antigo dogma da Igreja, proclamado depois de sua maternidade divina. No Símbolo Apostólico confessamos: “Nasceu da Virgem Maria”. O Credo Niceno-constantinopolitano também deixa claro: “se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria”. S. Inácio de Antioquia (+110) atestava: “O Filho de Deus verdadeiramente nasceu de uma virgem” (Aos Esmirnenses 1,1).

Em 451, o Concílio de Calcedônia declarou que Jesus é “nascido de Maria Virgem”. Em 553, o Concílio de Constantinopla II declarou: “Encarnou-se da gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria”. O Concílio de Latrão preconizou como verdade a Virgindade Perpétua de Maria, no ano 649, expressando-se deste modo:

“Se alguém não confessa segundo os Santos Padres que a santa e sempre virgem e imaculada Maria seja, no sentido próprio e segundo a verdade, Mãe de Deus, enquanto própria e verdadeiramente no final dos séculos concebeu do Espírito Santo sem sêmen e deu à luz sem corrupção, permanecendo mesmo depois do parto a sua indissolúvel virgindade, o próprio Deus Verbo nascido do Pai antes de todos os séculos, seja condenado”.

 

Virgindade Perpétua

Na bula “Cum quorumdam hominum”, datada de 7 de agosto de 1555, o Papa Paulo IV afirmou que Nossa Senhora é sempre virgem, isto é, é virgem antes do parto, no parto e depois do parto. O dogma da virgindade perpétua de Maria tem fundamentação bíblica. 

Maria foi virgem antes do parto, ou seja, Jesus nasceu de uma concepção operada pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e não em conseqüência de relações matrimoniais entre José e sua esposa

Maria foi virgem antes do parto, ou seja, Jesus nasceu de uma concepção operada pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e não em conseqüência de relações matrimoniais entre José e sua esposa. A concepção de Jesus aconteceu por pura graça e iniciativa de Deus, envolvendo a resposta humana e a participação de Nossa Senhora. A encarnação do Verbo de Deus constitui uma nova criação, um presente de Deus aos homens.

Os evangelistas Mateus e Lucas dão testemunho claro da concepção virginal de Jesus Cristo (Mt 1,18-25;Lc 1,26-38). De acordo com eles, José não engravida Maria (Mt 1,16.18-25;Lc 1,31.34s;3,24). Jesus é concebido efetivamente por obra do Espírito Santo (Mt 1,20;Lc 1,35). Como virgem que se torna mãe, Nossa Senhora é a única origem humana de Jesus Cristo (Mt 1,16-25;Lc 1,27.35).

O fato de que Maria tenha permanecido virgem no parto sob o ponto de vista físico e moral constitui um dado de fé, definido pela Igreja. Mas os documentos eclesiásticos nunca entraram em minúcias, nem deram explicações biológicas e ginecológicas do fato. A teologia tem procurado explicitar e aprofundar este aspecto do dogma mariano. Vários teólogos interpretam o fato como especial milagre de Deus.

Baseando-se na autêntica interpretação da Bíblica e em sua tradição, a Igreja acredita que Maria permaneceu virgem após o parto. Depois do nascimento de Jesus, Nossa Senhora não teve outros filhos, nem consumou seu casamento com José. A Bíblia não diz claramente que ela tenha tido outros filhos.

 

E os “irmãos” de Jesus?

Às vezes, as pessoas ficam confusas quando ouvem falar que Jesus teve “irmãos”. Na verdade, são sete textos do Novo Testamento que mencionam os “irmãos” de Jesus (cf. Mc 3,31-35;6,3;Jo 2,12;7,2-10;At 1,14;Gl 1,19;1Cor 9,5). Quem esses “irmãos”?

Os chamados “irmãos” de Jesus são, na verdade, seus primos ou parentes, e não irmãos biológicos. Na linguagem bíblica, “irmão” é freqüentemente empregado em lugar de primo, sobrinho, parente. “O aramaico, que os judeus falavam no tempo de Jesus e que os evangelistas supõem, era uma língua pobre em vocábulos. A palavra aramaica e hebraica “irmão” podia significar não somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos ou até parentes mais distantes” (Pe. Estevão Tavares Bettencourt, monge e teólogo brasileiro).

No Antigo Testamento, cerca de 20 textos trazem o sentido amplo da palavra “irmão”. De acordo com Gênesis 11,27, Taré era pai de Abrão, Nacor e Arão. E Arão era pai de Ló. Por isso, Ló era sobrinho de Abrão. Com efeito, Abraão diz a seu sobrinho Ló, filho do seu irmão: “somos irmãos” (Gn 13,8;cf. Gn 14,14-16).

Conforme Gênesis 27,43, Rebeca recomenda a seu filho Jacó: “Foge para a casa de meu irmão Labão”. Todavia, em Gênesis 29,10-1, várias vezes se refere a Labão como tio de Jacó.

Em Gênesis 31,23, relata que Labão com seus “irmãos” foram ao encalço de Jacó. Neste trecho, o termo “irmãos” significa os parentes de sexo masculino.

O livro de 1 Crônicas 23,21-23 diz: “Os filhos de Merari foram Mooli e Musi. Os filhos de Mooli foram Eleazar e Cis. Eleazar não deixou filhos, mas só filhas, que seu casaram com seus irmãos, os filhos de Cis”. Aqui, a palavra “irmãos” não significa irmãos biológicos, mas parentes.

Há também outras passagens bíblicas, que podem ser citadas, que concernem ao significado mais abrangente do vocábulo “irmão” (cf. Jz 9,3;1Sm 20,29;2Rs 10,13;2Cr 36,10).

                   

Modelo de Doação

Por opção livre, Maria permaneceu virgem, consagrando-se a Deus pela castidade. Sua decisão generosa é modelo de doação para os cristãos. “Sua virgindade, amor-doação ao Senhor, foi inseparável da fé, pobreza, obediência, e assim tornou-se fecunda pelo Espírito Santo. No mistério da Igreja, esta virgindade reúne duas realidades: Maria é toda de Cristo e toda servidora dos homens. Assim quer ser a Igreja: unida a Cristo e Mãe de todos os homens” (CNBB. Catequese Renovada, nº. 234).

A virgindade de Nossa Senhora ajuda os homens de hoje a romperem com a visão errada de pessoa humana e de sexualidade. “A maternidade virginal de Maria pode ajudar a superar preconceitos machistas e moralistas, que consideram o corpo como pecaminoso, e a mulher, lugar de tentação e desvio. Em Maria, o corpo humano, especialmente o da mulher, se tornou para sempre espaço onde o Espírito do Altíssimo pousa e faz morada. Todo ser humano, independente de sua condição sexual, tem algo de virgem. Pode se tornar templo de Deus e espaço aberto das sementes do Reino” (CNBB. Com Maria, rumo ao Novo Milênio, p. 103).

Nossa Senhora é também exemplo para aqueles que querem ser somente de Deus. “Por meio da virgindade, Maria mostra uma existência totalmente centrada no serviço do Messias, uma total disponibilidade ao desígnio de Deus. Maria viveu isso não só no espírito, mas também no corpo. Por causa dessa atitude, torna-se exemplo para multidões que, após ela, irão consagrar suas vidas, na virgindade. Renunciarão ao matrimônio e à família, não porque os considerem negativos, mas porque querem viver totalmente para Deus e para os irmãos” (Dom Murilo S. R. Krieger, bispo e escritor mariano).

Pe. Eugênio Antônio Bisinoto, CSsR


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