Num supermercado, na fila do caixa, um menino, acompanhado de sua mãe, brincava de empurrar o carrinho de compras, atingindo sem parar a perna de um senhor que estava na frente. Incomodado, o senhor olhou para a mãe, pedindo providência. A mãe respondeu: "meu filho é criado com liberdade!". Alguém, que estava atrás, tomou um ovo do seu carrinho e o abriu sobre a cabeça da mãe, espalhando-se o seu conteúdo nos seus cabelos. Quando ela indignada virou-se furiosa, ele respondeu: "eu também fui criado com liberdade!".
O título desse artigo se reporta a uma palestra do Pe. Vítor Coelho de Almeida, C. SS. R, no seu programa "Os ponteiros apontam para o infinito", da Rádio Aparecida, intitulado: "Sua Majestade, o moleque". Ele conta que um romeiro lhe apresentou seu filho de quatro anos, pedindo uma bênção, pois o menino era impossível, manhoso, terrível. Após a bênção, Pe. Vítor lhe explicou que existe outra bênção, que não é dada pelo padre, mas pelos pais: a correção.
São conhecidas aquelas regras de "como criar um delinquente", atribuídas ao Departamento de Polícia do Texas, USA:
1. Comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Quando crescer acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que deseje.
2. Quando ele disser palavrões, ache graça. Isso o fará considerar-se interessante.
3. Nunca lhe dê qualquer orientação espiritual. Espere que ele decida por si mesmo.
4. Apanhe tudo o que ele deixar jogado. Ele vai aprender a jogar sobre outros toda a responsabilidade.
5. Discuta com frequência na presença dele. Assim não ficará chocado quando o lar se desfizer.
6. Dê-lhe todo o dinheiro que quiser.
7. Satisfaça todos os seus desejos de comida e conforto.
8. Tome o partido dele contra os vizinhos, professores e colegas.
9. Quando ele se meter em alguma encrenca séria, diga que não conseguiu dominá-lo.
10. Faça comparações com os outros, elogiando-o sempre.
11. Se você tiver algum vício, demonstre-o em sua presença.
12. Dê-lhe toda a liberdade possível e prepare-se para uma vida de desgostos.
Educar é ensinar a ter limites. No seu código de Direito Canônico (cânon 795), a Igreja nos dá a melhor definição de educação, focalizada, sobretudo, no justo uso da liberdade: é a formação integral da pessoa humana, dirigida ao seu fim último e, ao mesmo tempo, ao bem comum da sociedade, de modo que as crianças e jovens possam desenvolver harmonicamente seus dotes físicos, morais e intelectuais, adquirir um sentido mais perfeito da responsabilidade e um uso correto da liberdade, preparando-se para participar ativamente da vida social. Indicando o sentido da vida, a verdadeira educação tem como meta ajudar as crianças e jovens a dominar seus instintos e a dirigi-los pela razão, a desenvolver o conjunto de suas faculdades, a combater as más paixões e desenvolver as boas, a adquirir o domínio de si e a orientar seus sentimentos, levando-se em conta as diversas fases da vida e as características do seu temperamento, formando assim sua personalidade e seu caráter. E tudo isso, cooperando com a graça de Deus, que, como Pai, nos ama, nos criou livres e nos ensinou como usar bem a nossa liberdade.
Dom Fernando Arêas Rifan*
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Fonte: www.cleofas.com.br
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